Frente a Mensagem de 2012 no dia mundial da Paz_ “EDUCAR OS JOVENS PARA A JUSTIÇA E A PAZ”_ e a ida de Sua Santidade, o Papa Bento XVI, a Cuba...

Um “tal” de Frei Betto já havia dito:

Dentro dos padrões de mundo atuais, poderíamos dizer que para os ricos e milionários, Cuba é o inferno, para a classe média (que se quer rica), o purgatório, mas para os POBRES e MISERÁVEIS, ah! Cuba é o início de um PARAÍSO...

Tendo em vista a viagem do Papa Bento XVI a Cuba e toda repercussão que o evento trará aos oportunistas dos golpes políticos, escrevo estas pobres linhas, quiçá cristãs, a partir dos apontamentos de esperança frente uma análise político-econômica da Mensagem de Sua Santidade para o ano que se inicia.

Excertos da mensagem papal

(...) uma crise cujas raízes são primariamente culturais e antropológicas.

(...)  « Hoje um obstáculo particularmente insidioso à ação educativa é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado dentro do próprio “eu”. (...)

(...) Assim, o reto uso da liberdade é um ponto central na promoção da justiça e da paz, que exigem a cada um o respeito por si próprio e pelo outro, mesmo possuindo um modo de ser e viver distante do meu.

(...) , a compaixão para com os mais frágeis, e também a prontidão ao sacrifício.

No nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos, não obstante as proclamações de intentos, está seriamente ameaçado pela tendência generalizada de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, é importante não separar das suas raízes transcendentes o conceito de justiça. De fato, a justiça não é uma simples convenção humana, pois o que é justo determina-se originariamente não pela lei positiva, mas pela identidade profunda do ser humano. É a visão integral do homem que impede de cair numa concepção contratualista da justiça e permite abrir também para ela o horizonte da solidariedade e do amor.

Não podemos ignorar que certas correntes da cultura moderna, apoiadas em princípios econômicos racionalistas e individualistas, alienaram das suas raízes transcendentes o conceito de justiça, separando-o da caridade e da solidariedade. (...)

(...) A todos, particularmente aos jovens, quero bradar: « Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo (...)

(…), o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor? ». 

(...) Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação.

(...) Cientes das vossas potencialidades, nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos. Nunca vos sintais sozinhos!

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É uma pena que, numa belíssima mensagem, Sua Santidade não nomeie o mal dos últimos séculos, o mal que despertou e desperta a estupidez humana e todos os pecados capitais, indo na contramão de qualquer proposta cristã de mundo governado com justiça, a partir dos pobres, para promoção da paz.

O capitalismo, Sua Santidade, é a cara da desesperança humana_ o papa ‘parece’ saber disso!; e em sua forma neoliberal assumiu poderes que se pensam absolutos e rasgou, inclusive, grandes máscaras de hipocrisia que existiram até o século XX, de que poderíamos ter um capitalismo humanista... Tal possibilidade não há, Sua Santidade, afinal está no DNA do capitalismo o lucro e a acumulação indidividuais, como partes centrais dum trabalho de produção sem rosto, mas com valor agregado de vidas desperdiçadas. O Capitalismo é César frente a Cristo, o Imperador Egípcio frente aos Hebreus, é Caim frente a Abel!

Nada matou, mata e matará mais no mundo do que o sistema capitalista. Seja em desocupações de terras em SP ou  nos traçados das linhas Palestinas, seja no rosto da mulher afegã ou nos ‘recortes’ europeus das multifacetadas fronteiras africanas, seja na China dos arredores de Pequim ou na cara da desempregada negra americana... O capitalismo, seja em qual vertente for, é a barbárie e nada mais... É o refino da bestialidade humana, o governo da estultícia, o predomínio e a crença na morte ao invés da vida.

Não Sua Santidade, não fale por meio de abstrações conceituais; Condene, apartidariamente_ afinal JESUS está acima de qualquer ideologia_ o mundo capitalista faraônico. Embora Cristo não fosse comunista, o ‘proto’ capitalismo Ele já havia condenado.

Não fale, papa Bento, só ‘teologicamente’ às suas ovelhas, afinal elas estão tosquiadas realmente pelos donos das máquinas dos ‘novos teares’ em troca dos seus muitos pesares... Sua Santidade, as parábolas de JESUS eram simples e diretas...

Proponha a Paz e não se esqueça da Esperança da resistência dos pobres que revoluciona o mundo.

Sinto-me, como parte da Igreja, igual ao jovem que a todos os mandamentos cumpria, só não cumpriu o derradeiro, o fecho do círculo... “dê tudo que tens aos pobres, pega sua cruz e segue-me”. E nós, Sua Santidade, parecemos ser a recusa maldita proferida da boca amedrontada de geração em geração a essa proposta, enquanto a Igreja fazia-se terrena e ‘moeda de troca’ dos que passaram a crer em desespero...

Lembre-se dos pequeninos do mundo inteiro, papa Bento, há esperança já para este mundo, afinal, "das mais de 826 milhões de pessoas em todo o mundo que passam fome, nenhuma é cubana; das 325 milhões de crianças que vivem na extrema miséria, nenhuma é cubana; dos 1,2 bilhões de seres humanos que vivem na extrema pobreza, nenhum é cubano; dos dois bilhões de seres humanos que não têm medicamentos, nenhum é cubano; das 11 milhões de crianças que morrem, anualmente, de causas perfeitamente evitáveis, nenhuma é cubana; das 500 mil crianças que ficam definitivamente cegas por falta da vitamina A, nenhuma é cubana; dos 100 milhões de seres humanos que vivem nas ruas espalhados por todo o mundo, nenhum é cubano; das 250 milhões de crianças que trabalham regularmente, nenhuma é cubana; dos 600 mil menores de 15 anos que morrem na América Latina por doenças previsíveis, nenhum é cubano.".

E, por fim, Sua Santidade, vá a Cuba aberto a ouvir o povo cubano (além das cômodas vozes dos muitos padres ‘profissionais!’), de voz solta e economia embargada por conta da matança de corpo e alma do capitalismo americano (e global!)...

Sua Santidade, - TU ÉS PEDRO!, pobre, humilde, pescador fiel e, por que não, o 1º da Tradição dos autênticos REVOLUCIONÁRIOS!