O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar
(Berthold Brecht)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Programa Nacional de Direitos Humanos_ Entre intenções honestas e rasteiras

"O Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) precisa ser discutido"_ Até as pedras sabem! Mas é isso o que vem sendo colocado pela grande imprensa, interesses escusos ou incofessáveis (Militares Torturadores, Ruralistas, Fundamentalistas Institucionais mais que religiosos e Direitistas todos!), como mais uma "crise" que trouxesse uma condenação irreversível ao Programa e que, portanto, tudo deveria ser jogado fora, afinal, feito por esquerdistas ressentidos... Nada mais falso e manipulador. 

O Brasil é signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos efetivada na e pela ONU e, através desse Programa Nacional (http://www.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf), mantém sua intenção de fidelidade ao mesmo. Não saiu da cabeça do ministro Paulo Vannuchi, da ministra Dilma Roussef ou mesmo, do próprio presidente Lula (embora assinado por todos os ministros, e agora alguns, 'estranhamente', mudaram de opinião e embaracaram na ideia de 'crise'!), é fruto de um debate INICIADO (não terminado, muito pelo contrário!) intra e extra governo e, agora, caminha para a Casa Das Leis, a Casa do Povo: o nosso Congresso Nacional... Se não sabemos cobrá-la, são outros quinhentos.
O Programa governamental é uma 'carta aberta' à SOCIEDADE e legitimado internacionalmente pela ONU. E mais, o Brasil é obrigado a apresentar tal Programa no que tange aos seus planos e efetivações para garantia plena dos Direitos Humanos.
Em recente artigo, o jornalista Luís NASSIF, coloca em poucas linhas o fato PNDH-3: "Esses planos de direitos humanos, por sua vez, resultam sobremaneira da Declaração de Viena, um documento subscrito por 171 países que tiveram assento na Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos, que ocorreu em 1993. Esta informação é de fundamental importância, pois a Conferência Mundial marcou uma inversão da lógica predominante durante as décadas da Guerra Fria. Foi ali que se estabeleceu a interdependência entre os direitos humanos, o desenvolvimento econômico e os preceitos democráticos".(fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/01/14/consideracoes-sobre-o-pndh-3/).                                 
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) emitiu nota pública ponderada, como sempre, e fiel às defesas que faz da dignidade da pessoa humana. Quer discutir criticamente as intenções de descriminalização do aborto, o casamento e a adoção de crianças por homossexuais e a retirada de símbolos religiosos de instituições públicas.

O que não se explica é a fúria de certos bispos (como, por exemplo, Dom Aldo Di Cillo Pagotto [Arcebispo da Paraíba, importantíssimo estado do Nordeste brasileiro, dividido tão desigualmente] em  artigo recente, repercutido em setores conservadsores da Igreja, "Pacote Ideológico do Governo", com base em informações "equivocadas", exercendo estranha defesa a favor dos ruralistas, defendendo com unhas e dentes o latifúndio (tratado como vítima "... por  desestabilização do legítimo direito de propriedade, ao fomentar invasões de propriedades pelos movimentos e organizações populares") e sua legitimidade, estigmatizando o programa de fruto da esquerda festiva, apoiando os meios de comunicação monopolistas , contra o programa na sua integralidade (fonte: http://www.cnbb.org.br/site/artigos-dos-bispos/dom-aldo-di-cillo-pagotto/1277-pacote-ideologico-do-governo) e, por tabela, contra a Declaração Oficial da Conferência, da qual fazem parte e devem seguir, afinal feita pelos e para os bispos no serviço ao povo de Deus.
Abaixo a citada Declaração da representação maior dos bispos do Brasil (fonte: http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/notas-e-declaracoes/1256-declaracao-da-cnbb-sobre-o-programa-nacional-de-direitos-humanos-pndh-3):

A promoção e a defesa dos Direitos Humanos tem sido um dos eixos fundamentais da atuação e missão evangelizadora da CNBB em nosso país. Comprovam-no as iniciativas em prol da democracia; as Campanhas da Fraternidade; a busca pela concretização da Lei 9840 - contra a corrupção eleitoral; a recente Campanha “Ficha Limpa”; a defesa dos povos indígenas e afro-descendentes; o empenho pela Reforma Agrária, a justa distribuição da terra, a ecologia e a preservação do meio ambiente; o apoio na elaboração dos Estatutos da Criança e do Adolescente, do Idoso e da Igualdade Racial, entre outros.
Neste contexto, a CNBB se apresenta, mais uma vez, desejosa de participar do diálogo nacional que agora se instaura, sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3), tornado público aos 21 de dezembro de 2009.
A Igreja Católica considera o movimento rumo à identificação e à proclamação dos direitos humanos como um dos mais relevantes esforços para responder de modo eficaz às exigências imprescindíveis da dignidade humana (cf. Concílio Vaticano II, Declaração Dignitatis Humanae, 1). O Papa João Paulo II, em seu Discurso à Assembléia Geral das Nações Unidas, em 21 de outubro de 1979, definiu a Declaração Universal dos Diretos Humanos como “uma pedra miliária no caminho do progresso moral da humanidade”.

O Brasil foi uma das 171 nações signatárias da Declaração de Viena, fruto da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, em 1993, sob o signo da indissociabilidade entre Democracia, Desenvolvimento Econômico e Direitos Humanos.
No entanto, em sua defesa dos Direitos Humanos, a Igreja se baseia na concepção de Pessoa Humana que lhe advém da fé e da razão natural. Diante de tantos reducionismos que consideram apenas alguns aspectos ou dimensões do ser humano, é missão da Igreja anunciar uma antropologia integral, uma visão de pessoa humana criada à imagem e semelhança de Deus e chamada, em Cristo, a uma comunhão de vida eterna com o seu Criador. A pessoa humana é, assim, sagrada, desde o momento de sua concepção até o seu fim natural. A raiz dos direitos humanos há de ser buscada na dignidade que pertence a cada ser humano (cf. Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral Gaudium  et Spes, 27). “A fonte última dos direitos humanos não se situa na mera vontade dos seres humanos, na realidade do Estado, nos poderes públicos, mas no próprio ser humano e em Deus seu Criador” (Compêndio de Doutrina Social da Igreja, 153). Tais direitos são “universais, invioláveis e inalienáveis” (JOÃO XXIII, Encíclica Pacem in Terris, 9).
Diante destas convicções, a CNBB tem, ao longo de sua história, se manifestado sobre vários temas contidos no atual Programa Nacional de Direitos Humanos. Nele há elementos de consenso que podem e devem ser implementados imediatamente. Entretanto, ele contém elementos de dissenso que requerem tempo para o exercício do diálogo, sem o qual não se construirá a sonhada democracia participativa, onde os direitos sejam respeitados e os deveres observados.
A CNBB reafirma sua posição, muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, e contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de “mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União”, pois considera que tal medida intolerante pretende ignorar nossas raízes históricas.
Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, imploramos as luzes de Deus, para que, juntos, possamos construir uma sociedade justa, fraterna e solidária.

Brasília, 15 de janeiro de 2010
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário-Geral da CNBB

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sobre a FILOSOFIA e sua tarefa 'escolar'...



1. Sobre ‘dar’ aulas de FILOSOFIA: Tarefa e Desafio!

"Piano a quatro mãos
sonho com muito mais:
música a milhão de mãos,
harmonia a mundo inteiro...”
Dom Hélder Câmara*

Dar aulas é sempre uma aventura em que o empenho do professor tem de ser específico e interdisciplinar ao mesmo tempo. Quando nos deparamos com uma sala de alunos, se abrem aos nossos olhos todos os anseios, vontades, características infindas que os alunos trazem em si mesmos num momento em que toda significação da vida está, ou entra, em jogo.
Neste momento, a verdadeira tarefa do professor de filosofia é a de levar os seus alunos a buscarem sentido e significado para suas vidas, e pensarem que um mundo melhor é viável e que esse não é "o melhor dos mundos possíveis".

Está para o professor a certeza de que a humanidade pode crescer em sabedoria e graça, no entanto, faz-se urgente que se reaprenda a sonhar. E sonhar implica em, concretamente, efetivar a esperança conjunta para a realização da Justiça ("Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade", Dom Hélder Câmara).
Vejo que o maior desafio se encontra em trabalhar na retomada da capacidade de sonhar, e sonhar é fazer emergir a faculdade livre de significar tendo a presença do outro como, irrenunciável, parte de si mesmo; para que, já essa geração, não fuja ou determine como impossíveis os seus sonhos, mas reflitam profundamente até que ponto são sonhos que nasceram de aspirações, de vontades próprias, enfim, de desejos libertos e autênticos e não produtos encomendados da tecnologia. Até que ponto não são sonhos induzidos para fazer valer a lei da inércia na condição humana? Até que ponto estamos sendo contados como seres humanos capazes de mudança? Quanto vale um sonho? Será que não estamos vendendo nossos sonhos a cada instante a preço nenhum? Há quanto tempo estamos dando nossas cabeças para outros, por elas, pensarem? Devemos buscar as raízes (o pensar como poética da alma) para que cheguemos ao âmago de nossa condição, que se resume na clareza do poema: "Navegar é preciso..." e o Porto da Verdade nos espera.

2. Sobre obrigatoriedade da filosofia e a priorização dos ensinos das ciências exatas e biológicas. Quem perde é a escola e seus alunos: a SOCIEDADE.

O Brasil é um país de raízes e ideais positivistas***(cientificistas), onde o primado (a ideologia) da técnica tem como finalidade organizar a vida humana da maneira mais prática e objetiva possível; ou seja, efetivar às vidas humanas o ideal da "Colméia de Abelhas",  a cada um a sua função determinada (não, necessariamente, justa) como princípio-base do (pseudo) desenvolvimento, expresso no interessado (ou interesseiro?!) lema de nossa Bandeira: Ordem e Progresso.
Infelizmente está em nossa cultura ideológica a intenção de se formar cientistas antes mesmo de formarmos seres humanos em sua integridade.
Quando esquecemos que a pessoa é mais do que mera estatística, começamos  a acabar com qualquer possibilidade consciente-livre de sentido para vida, pois, números são incapazes de se auto-determinarem, de darem, por si só, conteúdos.
Somos, ainda, o resultado de um organismo social, onde se produziu  de nosso início enquanto 'pátria brasilis' até os primeiros anos do século XXI o descaso e indiferença para com a miséria material, moral e intelectual, investindo na formação de "cidadãos" a-éticos ou relativistas, na formação de "cientistas analfabetos", na  formação de ‘pessoas Exatas’ sem uma dignidade exata... (consideremos aqui que a Ética é disciplina, cuja matéria, por excelência, integra o âmbito da Filosofia).
Temos que derrubar o antiquíssimo e gigantesco Castelo construído às custas da dignidade humana. Pela justiça devemos correr contra o tempo e plantar as flores da esperança onde parece só existir um vazio e extenso cemitério de almas.

3. Filosofia e o dia-a-dia da CIDADANIA.

A Filosofia tem como dever atingir a cidadania através do ato principial de buscar o ser humano em sua plenitude.
O que significa ser cidadão? Não é uma tarefa fácil responder tal questão, já que muitos pensam ter em mente o que vem a ser a resposta. Mas se pararmos para pensar com o devido rigor e reflexão (tarefa própria da Filosofia) notaremos que pouco são aqueles que sabem, de fato, o que é cidadania.

Milton Santos**, geógrafo e filósofo (em seu sentido genuíno), afirmou a idéia a respeito da atual (secular em nosso caso) formação para a cidadania. Ele diz que o que mais se produz em "educação" são deficientes cívicos, ou seja, se tornou lícita (principalmente em alguns Estados como São Paulo!) a formação de pseudo-cidadãos. E, mais ainda, segundo ele, a retirada proposital de filosofia da grade educacional foi o maior serviço para esse objetivo. Só para lembrar, não foi à toa que com o golpe militar de 64 a primeira faculdade a ser fechada, no Rio de Janeiro, foi a de Filosofia.
Num País como o nosso, peça importante para o esquema do mundo globalizado (ou neo-colonizado), incomoda para certos grupos e/ou instituições, que a sociedade, principalmente embasada no espírito da juventude, exerça efetivamente a qualidade de pensar (e o verdadeiro pensar é por natureza crítico).
A Filosofia tem por objetivo levantar o questionamento, através de um pensamento de rigor,  pelas raízes/causas (daí o seu radicalismo) dos fatos, e em relação a cidadania não poderia ser diferente. A Filosofia nos leva a profundamente pensar, e pensar é princípio de mudança e o bem pensar leva certamente a uma boa mudança, leva a construção do cidadão ativo, do co-cidadão participativo...
Tudo que é humano não nos pode ser indiferente, ser estranho.

* Dom Hélder Pessoa Câmara, OFS (Fortaleza, 7 de fevereiro de 1909Recife, 27 de agosto de 1999) foi um bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife. Foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e grande defensor dos direitos humanos durante o regime militar brasileiro. Pregava uma Igreja simples, voltada para os pobres e a não-violência. Por sua atuação, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Foi o único brasileiro indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz.

Por suas múltiplas e diversificadas atividades, encantando a muitos e desagradando a outros, foi chamado por vários nomes, entre os quais: Guerreiro da Paz, Dom da Paz, Bispo Vermelho, Bispo dos Pobres, Profeta do Terceiro Mundo, Arcebispo das Favelas, Artesão da Paz, Dom do Amor, da Paz e da Justiça, Campeão da Solidariedade, Bispo Comunista.

** Milton Almeida dos Santos (Brotas de Macaúbas, Bahia, 3 de maio de 1926São Paulo, São Paulo, 24 de junho de 2001) foi um geógrafo brasileiro. Apesar de ter se graduado em Direito, Milton destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da Geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na década de 1970.

*** Positivismo é um conceito que possui distintos significados, englobando tanto perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto outras do século XX. Desde o seu início, com Augusto Comte1798-1857) na primeira metade do século XIX, até o presente século XXI, o sentido da palavra mudou radicalmente, incorporando diferentes sentidos, muitos deles opostos ou contraditórios entre si. Nesse sentido, há correntes de outras disciplinas que se consideram "positivistas" sem guardar nenhuma relação com a obra de Comte. Exemplos paradigmáticos disso são o Positivismo Jurídico, do austríaco Hans Kelsen, e o Positivismo Lógico (ou Círculo de Viena), de Rudolph Carnap, Otto Neurath e seus associados.
Para Comte, o Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789-1799). Em linhas gerais, ele propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da história).

sábado, 16 de janeiro de 2010

Sobre Dissecar Líderes: O Livro


Entrevista ao jornalista Wellido Teles (wellido.teles@animaeducacao.com.br)  do Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE) a respeito do livro Dissecando o Líder_ Pequeno ensaio sobre a liderança. Santos: Realejo Livros e Edições, 2009.


Wellido Teles: O que lhe motivou a escrever este livro?

Diego Monsalvo: Me preocupo muito com a chamada sinceridade e coerência intelectual, não aguento mais autores que tratam de liderança num aspecto de autoajuda ou coisa parecida, com um só "princípio", tire vantagem de tudo, numa espécie de Lei de Gerson em doses "homeopatéticas", sem nenhum comprometimento ou relevância intelectual... Decidi, portanto, escrever algo de fácil leitura e com uma maior precisão de conceitos, afinal, sem um correto conceito, ter uma prática adequada se torna quase impossível (digo quase porque se dependeria da sorte e não da inteligência de fato). Não quero com isso que pensem que meu livro é revolucionário ou é muita pretensão de minha parte, mas é um livro que versa sobre liderança num aspecto interdisciplinar sem conotações de autoajuda, afinal, se para liderar (no sentido próprio da palavra) você precisar seguir uma receita (como "ensinam" esses livros) é você quem será liderado! Busquei chamar a atenção para literatura, arte, educação e, principalmente, filosofia.


Wellido Teles: Como foi o lançamento da obra?


Diego Monsalvo: O livro já está no mercado desde o dia 04/10, houve uma palestra com tarde de autógrafos no Colégio CARMO_ Santos/SP.

O livro foi oficialmente lançado dia 19 de Outubro, no Campus Vitorio Lanza (Salão de Convenções) do Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE)_ Santos/SP.


E, ademais, apesar de não ser 'literatura' de autoajuda, que tem uma maior recepção por conta da promoção comercial, as críticas por parte da imprensa tiveram uma boa repercussão:

Wellido Teles: Para dar um aperitivo ao leitor, dê alguma prévia do que é abordado sobre a liderança?


Diego Monsalvo: O livro leva o nome de "Dissecando o líder_ Pequeno ensaio sobre a liderança", pois, primeiro, é um ensaio, uma escrita mais autoral, afinal é um esboço de um tema muito abrangente; segundo, dissecar o líder, antes de "adestrar" alguém à liderança, é mostrar as entranhas de um líder de fato, o que se deve fazer a partir daí é pensar, eis meu objetivo...
Misturei Machado de Assis com filosofia francesa, obras de arte com rock’n roll, fábulas com diretrizes da UNESCO, tudo isso para levar as pessoas a pensarem que liderança é um tema complexo que deve ser encarado com inteligência e razoabilidade, basta querer pensar. É um livro costurado, fui somente o alfaiate de grandes autores e artistas que estão presentes no texto, fiz as ligações...
O objetivo é tentar mostrar que ser líder é antes de tudo aperceber-se no mundo (nosso ethos_ daí o 'nascimento' da ÉTICA!), dominá-lo (sonhá-lo e projetá-lo) e dividi-lo (solidariedade), afinal, somos todos uma só humanidade numa só Terra. Para quem acha (e acha errado!) que líder é quem se sobrepõe aos demais e dita regras e funções a eles, não deve ler meu livro, deve ler "Minha luta", do Adolf Hitler.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O discurso que a Drª Zilda Arns não pôde proferir


Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; 
mas o que perder a sua vida por amor de mim 
e do Evangelho, salvá-la-á. (Marcos 8,35)

Todo aquele que der ainda que seja 
somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, 
porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: 
não perderá sua recompensa. (Mateus 10,42)


Reproduzo parte da tradução que fiz do último discurso (http://www.cnbb.org.br/site/images/stories/discurso_haiti.pdf) da Drª Zilda Arns, que faleceu ontem, vítima dos abalos que acometeram o Haiti, país irmão, país sofrido. Drª Zilda Arns, a pedido da CNBB, havia ido ao Haiti para, a partir de sua experiência, animar a construção da Pastoral da Criança naquele país. Morreu a morte dos santos, servindo por entre os filhos diletos de Deus: os pobres. Antes, posto nota de pesar de seu irmão, Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns:

Acabo de ouvir emocionado a notícia de que minha caríssima irmã Zilda Arns Neumann sofreu com o bom povo do Haiti o efeito trágico do terremoto.
Que nosso Deus, em sua misericórdia, acolha no céu aqueles que na terra lutaram pelas crianças e os desamparados.
Não é hora de perder a esperança!

Paulo Evaristo cardeal Arns
São Paulo, 13 de janeiro de 2010


Discurso da Doutora Zilda Arns Neumann (não) proferido no Haiti no dia 12 de janeiro de 2010

Haiti

Discurso

Agradeço o honroso convite que me fizeram. Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto Príncipe, Haiti, para participar da assembléia dos religiosos.
Como irmã de 2 franciscanos e 3 irmãs da Congregação das Irmãs de Notre Dame, estou muito feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento.
Na realidade, todos nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamamento a difundir no mundo a boa nova de Jesus. A boa nova, transformada em ações concretas, é luz e esperança na conquista da Paz nas famílias e nas nações. A construção da Paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no Amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância, transformando-se em Fraternidade e co-responsabilidade social.
A Paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando impulsionamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do bem comum, que aprendemos de nosso Mestre Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância.” (Jo 10, 10)
Espera-se que os agentes sociais sigam as referências éticas e morais de nossa Igreja, sejam, como ela, mestra em orientar as famílias e comunidades, especialmente nas áreas da saúde, educação e direito humanos. Deste modo, podemos formar a massa crítica nas comunidades cristãs e de outras religiões, em favor da proteção da criança desde a concepção, mais excepcionalmente, até aos seis anos, e da adolescência. Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e a saúde, como prioridade absoluta.

O povo seguiu Jesus porque tinha palavras de esperança. Assim, nós somos chamados a anunciar experiências positivas e caminhos que levem as comunidades, famílias e o país a serem mais justos e fraternos.
Como discípulos e missionários, intimados a evangelizar, sabemos que a força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, que se expressa na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas. “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos” significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ser nocivo, aplicar nossos melhores talentos em favor da Vida Plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade. Todo esse caminho necessita da comunicação constante para iluminar, animar, fortalecer e democratizar nossa Missão de Fé e Vida.
Cremos que esta transformação social exige uma conversão máxima de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado de sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de Paz e Esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem maldades do que as crianças.
Por isso disse Jesus: “... se vocês não se fizerem como estas crianças, não entrarão no Reino dos Céus.” (MT 18, 3). E “Deixem vir a mim as criancinhas, pois delas é o Reino dos Céus.” (Lc 18, 16).
Hoje vou compartilhar com vocês uma verdadeira história de amor e inspiração divina, um sonho que se fez realidade. Como ocorreu aos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35), “Jesus caminhava todo o tempo com eles. O reconheceram com o partir do pão, símbolo da vida.” Em outra passagem, quando a barca no mar da Galiléia estava a ponto de destruir-se abaixo das violentas ondas, ali estava Jesus com eles, para acalmar a tormenta.” (Mc 4, 35-41).
Com alegria vou contar-lhes sobre o que “vi e sobre o que tenho sido testemunha” nesses 26 anos, desde a fundação da Pastoral da Criança em setembro de 1983. Aquilo que era uma semente, que começou por entre o povo de Florestópolis, Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42.000 comunidades pobres e em 7.000 paróquias de todas as Dioceses do Brasil.
Pela força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, ao serviço da Vida e da Esperança. Cada voluntário dedica, pelo menos, 24 horas ao mês para esta Missão transformadora de educar as mães e famílias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.
O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e a mortalidade infantil, promover o desenvolvimento integral das crianças, desde sua concepção até os seis anos de idade. A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, a educação, a consolidação dos valores culturais, o cultivo da fé e da cidadania, com profundas repercussões para o resto da vida.
(...)
Os resultados do trabalho voluntário, com a mística do amor a Deus e ao próximo, em sintonia com nossa mãe terra, que a todos deve alimentar, nossos irmãos, os frutos e as flores, nossos rios, lagos, mares, bosques e animais. Tudo isso nos mostra como a sociedade organizada pode ser protagonista de sua transformação. Neste espírito, ao fortalecer os laços que unem a comunidade, podemos encontrar as soluções para os graves problemas sociais, que afetam as famílias pobres.
Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, distante dos predadores, das ameaças e perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito aos seus direitos e protegê-los.
Muito obrigado!
Que Deus acompanhe a todos!

Dra. Zilda Arns Neumann
Médica pediatra e especialista em Saúde Pública
Fundadora e Coordenadora da Pastoral Internacional da Criança

Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Pela aprovação do Plano Nacional de Direitos Humanos

Quem tem medo da verdade?*

CHEGA UMA hora em que não aguento, tenho que falar. Já que quem deveria falar não fala, ou porque se cansou do combate ou porque acomodou-se em seus novos empregos... POIS BEM: é impressionante o tiroteio de emails de gente da direita truculenta, aqueles que se pensava haviam arquivado os coturnos, que despertam como se fossem zumbis ressuscitados e vêm assombrar nosso cotidiano com elogios à ação sanguinária dos ditadores, os quais torturaram e mataram nos mais sórdidos porões deste país, com instrumentos de tortura terríveis, barbaridades medievais, e trucidaram nossos jovens idealistas, na grande maioria universitários da classe média, que se viram impedidos, pelos algozes, de prosseguir seus estudos nas escolas, onde a liberdade de pensamento não era permitida, que dirá a de expressão!... E AGORA, com o fato distante, essas múmias do passado tentam distorcer os cenários e os personagens daquela época, repetindo a mesma ladainha de demonização dos jovens de esquerda, classificando-os de “terroristas”, quando na verdade eram eles que aterrorizavam, torturavam, detinham o canhão, o poder, e podiam nos calar, proibir, censurar, matar, esquartejar e jogar nossos corpos, de nossos filhos, pais, irmãos, no mar... E MENTIAM, mentiam, mentiam, não revelando às mães sofredoras o paradeiro de seus filhos ou ao menos de seus corpos. Que história triste! Eles podiam tudo, e quem quisesse reclamar que fosse se queixar ao bispo... ELES TINHAM para eles as melhores diretorias, nas empresas públicas e privadas, eram praticamente uma imposição ao empresariado — coitado de quem não contratasse um apadrinhado — e data daquela época esse comportamento distorcido e desonesto, de desvios e privilégios, que levou nosso país ao grau de corrupção que, só agora, com liberdade da imprensa, para denunciar, da Polícia Federal, para apurar, do MP, para agir, nos é revelado... DE MODO cínico, querem comparar a luta democrática com a repressão, em que liberdade era nenhuma, e tentam impedir a instalação da Comissão da Verdade e Justiça, com a conivência dos aliados de sempre... QUEREM COMPARAR aqueles que perderam tudo — os entes que mais amavam, a saúde, os empregos, a liberdade e, alguns, até o país — com aqueles que massacraram e jamais responderam por isso. Um país com impunidade gera impunidade. A história estará sempre fadada a se repetir, num país permissivo, que não exerce sua indignação, não separa o trigo do joio... TODOS OS países no mundo onde houve ditadura constituíram comissões da Verdade e Justiça. De Portugal à Espanha, passando por Chile, Grécia, Uruguai, Bolívia e Argentina, que agora abre seus arquivos daqueles tempos, o que a gente, aqui, até hoje não conseguiu fazer... QUE MEDO é esse de se revelar a Verdade? Medo de não poderem mais olhar para seus próprios filhos? Ou medo de não poderem mais se olhar no espelho?... 

*Hildegard Beatriz Angel Bogossian ou simplesmente Hildegard Angel (Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1949) é uma jornalistabrasileira. Filha da estilista Zuzu Angel e irmã do ex-militante político Stuart Angel Jones, Hildegard trabalhou como atriz no cinema e na televisão na década de 70. Dedicou-se ao colunismo social no jornal O Globo e desde 2003 no Jornal do Brasil. Fundou em 1993 o Instituto Zuzu Angel, entidade sem fins lucrativos dedicado a promoção e capacitação da moda no Rio de Janeiro.
Fonte: http://jbonline.terra.com.br/leiajb/2010/01/08/caderno_b/quem_tem_medo_da_verdade.asp 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Cotas Universitárias: Entrevista.

A entrevista abaixo foi concedida ao canal NET no programa Baixada em Foco. Na parte editada que segue, foi-me permitido discorrer sobre as cotas universitárias...

(Entrevista concedida ao programa Baixada em Foco (NET TV) em 14/10/2009. O programa teve como tema a liderança e seu processo e assuntos de filosofia e educação. Este programa Baixada em foco foi apresentado por Denis Simão e vai ao ar todas às quartas-feiras às 20h00. Neste blog tal entrevista está postada como Repensando o Processo de Liderança _ Por professor Diego Monsalvo (Parte II)

Os negros e a escola_ Defender as COTAS, defender os POBRES!


Embora seja de importância ímpar a questão das relações entre culturas, cores e raças, percebe-se que falta um trabalho mais aprofundado sobre o tema, inclusive, para que pudessem levá-lo à luz do conhecimento de nossos alunos. Continuamos, de uma certa forma, embora os próprios professores apresentem cores e culturas diversas, a reproduzir o currículo oculto. O não-dito se confunde, sobremaneira, com o maldito destino (idéia propalada a partir da inclusão-exlcludente) da negra ‘raça’.
            Penso, ainda, que em qualquer matéria há espaço para abordagem de tal tema, afinal o contexto histórico da construção das mesmas não pode ser ignorado, daí nos perguntarmos: Em tal e qual contexto houve a elaboração das conquistas de minha matéria? Por quê? Há uma cultura determinante na elaboração da ciência? Por quê?

Para além dos materiais didáticos e dos discursos docentes, as políticas curriculares, como discurso e como texto, podem desempenhar o papel de promover o reconhecimento das diferenças orientando os envolvidos no processo de transmissão cultural para a discussão perene sobre culturas e identidades dos sujeitos da educação. Os instrumentos possíveis de serem pensados para alcançarmos uma educação de fato inclusiva, dependem de uma orientação em torno de uma arena política onde os saberes interpretados como saberes “outros” ganhem cenário.
Ausenta-se do projeto escolar a inclusão da cultura negra em seus componentes curriculares. Ainda estamos presos ao paradoxo (ideológico) formulado da seguinte maneira: Falar de negro irá estigmatizá-lo e constrangê-lo junto aos demais. Além do quê, iremos praticar um racismo às avessas.
            Continuamos a ignorar a complexidade das relações raciais em nossa sociedade, promovendo assim, a continuidade da idéia de sujeito-objeto da ‘raça’ negra, perpetuando-a através de eventos da espécie de “Pedagogia do Exótico”, pois contraditória e casuística.

A escola não tem dado aos estudantes negros chances de refletir criticamente sobre o meio social, refletindo-o e subvertendo-o. Acabamos promovendo isso através da revolta, isto é, por não se sentirem representados, se revoltam de uma maneira ou de outra, uma revolta nem sempre compreendida por nós como ligadas às questões de divisão de classes, cores e etnias. A partir daí, embora de proporções acaloradas, a discussão evidencia um problema secular em nossa sociedade repleta de “Brasis”; levando-nos, muitas vezes, em pequenos grupos, a repensar, de uma certa maneira,  os conteúdos apresentados.
            Essa perspectiva ideologizante da escola vai de encontro às suas propostas de construção de um sujeito crítico e capaz de modificar a ordem social. Nesse sentido, a escola poderá ser um meio de manutenção das desigualdades sociais pelo uso de métodos simbólicos e indiretos de coerção social. A desconstrução dessas estratégias de dominação pode ser de difícil acesso devido ao crédito atribuído à escola como detentora do saber e da verdade absoluta, tornando-se mais fácil a interiorização e consolidação dos valores que perpetuam as inferioridades sociais.

Primeiro: Até que ponto não somos nós os promotores da divisão étnico-racial dentro da escola, reproduzindo a ideologia secular (elitista e branca)? Segundo: Até que ponto podemos mudar tal situação em termos de escola-trabalho? E, por fim: Será que não é tempo, já tardio, de revermos a nossa própria formação com mais cautela e a formação das ciências que ministramos enquanto matéria de conhecimento universal em sala de aula? Historicamente nota-se que a sociedade tende a restringir o acesso dos não-brancos à boa educação. Esta afirmação ganha respaldo se entendermos que, no contexto brasileiro, a esfera pública, sempre esteve ligada a moral das elites políticas conservadoras, que se fazem entender como Estado democrático de direito, aliás, cabe afirmar que não existe estado de direito, mas, sim, estado ideológico.

Assim, pensando o caso brasileiro, não podemos falar de desigualdade racial deixando de fora a educação. Um balanço mais apurado considera fundamental entender e aplicar os resultados dos últimos levantamentos  do índice de desenvolvimento humano (IDH).
Em resumo, a universalização do ensino público não garantiu mudanças expressivas no quadro nacional, especialmente no que diz respeito à população negra. O enfoque empreendido na educação tem permitido melhor desempenho da população branca porque a política universalista de nosso estado (capitalista) de direito focaliza a “todos” com cidadanias idênticas e possibilidades sociais equivalentes. E a inferioridade cultural sofrida pela população afrodescendente leva a uma diferença de oportunidades não consideradas nesse enfoque.



terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Novas tecnologias (Softwares Educacionais) e mercantilização da Educação


“Como conseguiremos colocar essas tecnologias a serviço da paz e da fraternidade universal? Eis a tarefa que teremos de enfrentar nos próximos anos.” 
Pe. Jesus HORTAL, S.J.  in: A Universidade: realidade e esperança, RJ: PUC e SP: ED. Loyola, 2002.

                Toda tecnologia a ser envolvida na educação requer um olhar cuidadoso e de rigor, pois o que está em jogo são tentativas de novas formas/fórmulas de ensino-aprendizagem que envolvem, necessariamente, a revisão (e tal será também um processo dinâmico e constante) daquilo que a sociedade na qual se atua, quiçá todas as sociedades, entende por processo de apreensão e significação do Real, da constituição daquilo que enunciamos Mundo.
            Reconhecemos que, através das várias formas de organização “de conhecimento”, principalmente aquelas que fazem uso da tecnologia para superar os limites de espaços e tempos, de modo a propiciar que as pessoas de diferentes idades, classes sociais e regiões tenham acesso à informação, podemos vivenciar diversas maneiras de ‘representar/reprocessar’ o conhecimento. O que cabe a interrogação é quão válida e profunda são essas maneiras, ou seja, não estaríamos criando uma rede vasta de virtualidades informativas ao invés de um processo de conhecimento vital que se dá na experiência face a face (Afetividade [do sentir-se afetado, cativado para]- Comprometimento - Transformação)?
            É óbvio que estamos num processo já de aplicação de tais tecnologias, portanto é um ‘mundo’ que se descortina a trabalhar-lhe; mas, ainda assim, supondo que a técnica virtual seja pautada em princípios que privilegiam o aprendizado significativo, interdisciplinar e integrador do pensamento racional, estético, ético e humanista, requererá dos profissionais novas competências e atitudes para desenvolver uma pedagogia relacional inovadora (por que não PROVOCADORA?): isto implica criar e recriar estratégias e situações de aprendizagem que possam tornar-se significativas para o aprendiz, sem perder de vista o foco da intencionalidade educacional, isto é, se este já não foi perdido, no sentido de que alteramos os meios e estes se tornaram fins; Tal como a motivação à utilização do micro computador se tornar o princípio, meio e fim do processo aquisitivo de conhecimento (que no máximo será informacional).  
            O que se apresenta neste novo nível de compreensão é a mobilidade: positiva_ o profissional lidar com o inusitado de forma criativa, reflexiva, crítica e construtiva, rompendo com isso a aplicação de soluções prontas ou práticas padronizadas; e negativa_ o profissional se perder frente às propagandas e desenvolvimentos quase que diários de meios de divulgação e sustentação de informações (mercadológicas), onde o foco se dará nos meios e não, naturalmente, nos fins de educação.
            À guisa de conclusão, podemos dizer que tais práticas, inserção maciça (e por que não massificada) vem encontrando eco no atual estágio de desenvolvimento educativo, no qual se torna evidente uma anomalia: diante das técnicas empregadas por meio dos diversos recursos tecnológicos os professores, estimuladores do conhecimento por excelência e vocação, estão se violentando ao ponto de desaprender a aprender, ou seja, largam-se aos meios tecnológicos numa corrida frenética em nome da competência e do ‘milagre’ da informação, sem perceber que estão em vistas do e com o mercado constituído e que quer ganhar cada vez mais terreno na educação.

            Os meios serão meios (todas as parafernálias tecnológicas) se os professores perceberem e fizerem ressoar suas queixas à verdadeira realidade do problema: a invasão do mercado, agora pelo meio ‘mágico’ do ensino virtual, no campo que lhe é e deve ser estranho, o campo da educação, para que a mesma não fique alienada de seu fim_ a formação constante do Homem pelo Homem, numa troca de encontros que firmam a felicidade, mostrando-nos que podemos ser em atos às nossas reais potencialidades.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Os sentidos do Natal_ (Parte I) Por Diego Almeida Monsalvo

Este programa Notícias em Debate (SBT/TVB) foi ao ar dia 25/12/2009_ O mesmo foi editado para esta página pessoal, justificando os cortes no que diz respeito à participação do professor Ricardo Galvanesi. O programa Notícias em Debate é apresentado pelo jornalista Paulo Schiff e vai ao ar de segunda à sexta-feira às 13h20.

Os sentidos do Natal_ (Parte II) Por Diego Almeida Monsalvo

Este programa Notícias em Debate (SBT/TVB) foi ao ar dia 25/12/2009_ O mesmo foi editado para esta página pessoal, justificando os cortes no que diz respeito à participação do professor Ricardo Galvanesi. O programa Notícias em Debate é apresentado pelo jornalista Paulo Schiff e vai ao ar de segunda à sexta-feira às 13h20.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Livro: Dissecando o líder_ Pequeno ensaio sobre a liderança, por Realejo Livros e Edições


O autor procura investigar filosoficamente quais são as bases éticas do líder percorrendo as principais questões (quem sou? para onde vou?) e problemáticas dos seres humanos. Para atingir seus objetivos, usa exemplos que vão de obras de arte e músicas aos mais renomados autores da literatura em um texto simples, ensaístico e de fôlego renovado aos cansados de filosofia barata ou longe de ser acessível. O livro mostra que o processo de construção da liderança atinge todas as esferas sociais e a filosofia pode contribuir para isso.

O mais importante aqui é deixar os leitores com autonomia de pensamento e atitude como lição maior daquilo que um líder precisa para enfrentar os obstáculos do dia a dia, ou seja, revela a grande capacidade que cada um possui em liderar. E o faz sem fazer da obra um passo a passo, um trabalho de auto-ajuda

Longe disso, o ensaio lida mais com perguntas e hipóteses, construídas no "pensar filosofia", do que com respostas em riste para verdades absolutas e inquestionáveis. Dessa forma, torna-se interessante justamente por sua honestidade intelectual, simplicidade na forma de dizer e, sobretudo, compromisso com a humanidade.