O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar
(Berthold Brecht)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Novas tecnologias (Softwares Educacionais) e mercantilização da Educação


“Como conseguiremos colocar essas tecnologias a serviço da paz e da fraternidade universal? Eis a tarefa que teremos de enfrentar nos próximos anos.” 
Pe. Jesus HORTAL, S.J.  in: A Universidade: realidade e esperança, RJ: PUC e SP: ED. Loyola, 2002.

                Toda tecnologia a ser envolvida na educação requer um olhar cuidadoso e de rigor, pois o que está em jogo são tentativas de novas formas/fórmulas de ensino-aprendizagem que envolvem, necessariamente, a revisão (e tal será também um processo dinâmico e constante) daquilo que a sociedade na qual se atua, quiçá todas as sociedades, entende por processo de apreensão e significação do Real, da constituição daquilo que enunciamos Mundo.
            Reconhecemos que, através das várias formas de organização “de conhecimento”, principalmente aquelas que fazem uso da tecnologia para superar os limites de espaços e tempos, de modo a propiciar que as pessoas de diferentes idades, classes sociais e regiões tenham acesso à informação, podemos vivenciar diversas maneiras de ‘representar/reprocessar’ o conhecimento. O que cabe a interrogação é quão válida e profunda são essas maneiras, ou seja, não estaríamos criando uma rede vasta de virtualidades informativas ao invés de um processo de conhecimento vital que se dá na experiência face a face (Afetividade [do sentir-se afetado, cativado para]- Comprometimento - Transformação)?
            É óbvio que estamos num processo já de aplicação de tais tecnologias, portanto é um ‘mundo’ que se descortina a trabalhar-lhe; mas, ainda assim, supondo que a técnica virtual seja pautada em princípios que privilegiam o aprendizado significativo, interdisciplinar e integrador do pensamento racional, estético, ético e humanista, requererá dos profissionais novas competências e atitudes para desenvolver uma pedagogia relacional inovadora (por que não PROVOCADORA?): isto implica criar e recriar estratégias e situações de aprendizagem que possam tornar-se significativas para o aprendiz, sem perder de vista o foco da intencionalidade educacional, isto é, se este já não foi perdido, no sentido de que alteramos os meios e estes se tornaram fins; Tal como a motivação à utilização do micro computador se tornar o princípio, meio e fim do processo aquisitivo de conhecimento (que no máximo será informacional).  
            O que se apresenta neste novo nível de compreensão é a mobilidade: positiva_ o profissional lidar com o inusitado de forma criativa, reflexiva, crítica e construtiva, rompendo com isso a aplicação de soluções prontas ou práticas padronizadas; e negativa_ o profissional se perder frente às propagandas e desenvolvimentos quase que diários de meios de divulgação e sustentação de informações (mercadológicas), onde o foco se dará nos meios e não, naturalmente, nos fins de educação.
            À guisa de conclusão, podemos dizer que tais práticas, inserção maciça (e por que não massificada) vem encontrando eco no atual estágio de desenvolvimento educativo, no qual se torna evidente uma anomalia: diante das técnicas empregadas por meio dos diversos recursos tecnológicos os professores, estimuladores do conhecimento por excelência e vocação, estão se violentando ao ponto de desaprender a aprender, ou seja, largam-se aos meios tecnológicos numa corrida frenética em nome da competência e do ‘milagre’ da informação, sem perceber que estão em vistas do e com o mercado constituído e que quer ganhar cada vez mais terreno na educação.

            Os meios serão meios (todas as parafernálias tecnológicas) se os professores perceberem e fizerem ressoar suas queixas à verdadeira realidade do problema: a invasão do mercado, agora pelo meio ‘mágico’ do ensino virtual, no campo que lhe é e deve ser estranho, o campo da educação, para que a mesma não fique alienada de seu fim_ a formação constante do Homem pelo Homem, numa troca de encontros que firmam a felicidade, mostrando-nos que podemos ser em atos às nossas reais potencialidades.

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