O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar
(Berthold Brecht)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A origem do dinheiro como riqueza fictícia

Um vídeo DIDÁTICO e elementar sobre a origem da 'falsa riqueza'. Extraído de http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=29&id_noticia=160452


"O mundo está endividado. O mundo está em crise. Quer você se interesse ou não pelo assunto, isto já virou lugar comum. A novidade? A dívida não é consequência de um sistema econômico mal gerido, como o noticiário sugere. A dívida é a própria natureza do nosso sistema econômico." Assim começa o filme animado Money as Debt (2006 - Canadá), de Paul Grignon, que explica como o dinheiro se tornou uma riqueza fictícia. 







sábado, 29 de outubro de 2011

Nota da CNBB_ Por uma política popularmente democrática!

Reforma Política: urgente e inadiável!

A Reforma Política é uma urgência inadiável em nosso país. Se feita de forma a ultrapassar os limites de uma simples reforma eleitoral, ela se torna um caminho seguro para coibir a corrupção e sua abominável impunidade, que corroem instituições do Estado brasileiro e a vida do povo.

A expectativa de sua efetiva realização, assegurada pela Presidente Dilma Rousseff, em seu discurso de posse, e pelas imediatas iniciativas da Câmara e do Senado de constituírem comissões para esse fim, está se exaurindo diante da lentidão e falta de vontade política com que o Congresso Nacional tem discutido o tema. Por isso, o Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília, de 25 a 27 de outubro, manifesta perplexidade e indignação, em sintonia com o clamor que vem das recentes marchas contra a corrupção, e conclama a todos a exigirem dos parlamentares efetivo empenho na aprovação de uma reforma política ampla e com participação popular.

A sociedade brasileira não pode ser frustrada neste seu direito. Projetos de leis de iniciativa popular exitosos, como as leis 9.840/1999, contra a corrupção eleitoral, e 135/2010, denominada Ficha Limpa, são a prova do quanto nosso povo quer pôr fim à chaga da corrupção no Brasil. Confiamos que o Supremo Tribunal Federal decidirá pela constitucionalidade desta última a fim de que seja aplicada já nas próximas eleições.

Neste contexto, a CNBB reitera o que disse em seu documento Por uma reforma do Estado com participação popular: “A reforma política de que o país necessita com urgência, não pode se limitar a regras eleitorais, e dentro delas ao funcionamento dos partidos. Ela precisa atingir o âmago da estrutura do poder e a forma de exercê-lo, tendo como critério básico inspirador, a participação popular. Trata-se de reaproximar o poder e colocá-lo ao alcance da influência viável e eficaz da cidadania” (Doc. 91, n. 101).

O momento exige, portanto, a retomada do diálogo entre os atores da sociedade civil e os legisladores, na perspectiva de incorporação de propostas concretas já construídas. Do contrário, o Congresso se omitirá, outorgando ao Judiciário a responsabilidade de decidir sobre questões que cabem, primordialmente, ao Legislativo.

O fortalecimento da democracia direta passa pela regulamentação do artigo 14 da Constituição Federal, que trata dos plebiscitos, referendos e leis de iniciativa popular. Além disso, a reforma política não pode adiar medidas que moralizem o financiamento das campanhas eleitorais, assegurem candidaturas de “Fichas Limpas”, criem mecanismos para revogação de mandatos e garantam a fidelidade partidária.

A CNBB considera indispensável, também, dar novos passos que ampliem a aplicação da Ficha Limpa, de modo a atingir cargos comissionados do Parlamento e outros Poderes da Federação. O Executivo e o Judiciário são corresponsáveis por um Poder Serviço dignamente cidadão.

Movidos pela busca do bem comum e pela fé cristã, que nos faz “esperar contra toda esperança” (Rm 4,18), confiamos que estes apelos sejam ouvidos pelos Parlamentares.

Nossa Senhora Aparecida, Mãe dos brasileiros, inspire nossos dirigentes e nos alcance de seu Filho a vitória que almejamos.

Brasília, 27 de outubro de 2011.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida-SP
Presidente da CNBB

Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão-MA
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Prelado de São Félix-MT
Secretário Geral da CNBB

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Para o aperfeiçoamento DEMOCRÁTICO_ Regredir jamais!

Posto carta-pedido da grande intelectual e amiga Prof. Dr. Nereide Saviani:

O PCdoB está chamado a unir forças para responder com altivez aos sórdidos ataques dirigidos ao Partido.
Segue, em anexo, o texto de um abaixo assinado destinado à intelectualidade progressista: professor@s, jornalistas, artistas, advogad@s, arquitet@s, engenheir@s, psicólog@s, cientistas sociais, historiador@s, economistas...
Por favor, assinem e enviem a seus contatos, solicitando adesão.
Vamos coletar o maior número possível de assinaturas de pessoas que não admitem o retrocesso reacionário e que compreendem que a manifestação de solidariedade de amig@s dos vários setores do mundo intelectual, artístico e cultural é de fundamental importância não somente para os comunistas, mas para tod@s que lutam pela preservação da democracia em nosso país.

Eis o ABAIXO-ASSINADO

Os que assinam esta nota vêm a público denunciar a onda de histeria macarthista deflagrada nos últimos dias contra o Partido Comunista do Brasil (PC do B). Alimentada por preconceitos antidemocráticos, que pensávamos já superados na vida política nacional, essa sórdida campanha visa a atingir todos os que lutam com dignidade e coragem pelo desenvolvimento do Brasil e pela justiça social.
Nos solidarizamos com o PC do B, destacando sua longa história de luta e dedicação à defesa da democracia, da soberania nacional, do socialismo e dos trabalhadores. Essa trajetória é marcada pelos compromissos com a lisura e com a causa pública. Reafirmamos que, numa ordem democrática, a leviandade da acusação sem provas e sem direito de defesa constitui grave violação do Estado de Direito.

São Paulo, 22 de Outubro de 2011.

A adesão deve ser encaminhada a solidariedadepcdob@gmail.com - indicando área de atuação e vínculo institucional.

Assinam:

João Quartim de Moraes – Prof. Doutor, Titular em Filosofia (Unicamp)
Luiz Gonzaga Belluzzo – Doutor, Prof. Titular de Economia (Unicamp)
Olival Freire Jr. - Pós-Doutor em Física, historiador da Ciência (USP; UFBA)
Luis Manuel Fernandes – Prof. Doutor em Relações Internacionais (PUC-Rio; UFRJ)
Aldo Rebelo – Jornalista, escritor
Aloísio Sérgio Barroso – Mestre e Doutorando em Economia Social e do Trabalho (Unicamp)
Dermeval Saviani - professor emérito da Unicamp e pesquisador emérito do CNPq
José Claudinei Lombardi (Zezo) - coordenador executivo do HISTEDBR e professor da Unicamp
Carlos Eduardo Mendes Gouveia - professor da UniSantos e do IFET/Cubatão
Helena C.L. de Freitas - professora aposentada da Unicamp
Ilka Dias Bichara - professora da UFBA
Marcelo Pereira Fernandes – professor da UFRRJ
Luiz Martins de Melo – professor do IE/UFRJ
Nereide Saviani - professora aposentada da PUC-SP e da UniSantos 
Diego Almeida Monsalvo - professor e coordenador da Pastoral dos Pescadores de Santos

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O ESPORTE está na mira de quem, cara pálida?!

A "democracia midiática" propõe a ditadura política. Pode?!

Charge do Bessinha

O assassinato de Kadafi e a hipocrisia


Como muitos de meus alunos pediram um comentário à morte de Kadafi, deixo uma entrevista ponderada e alternativa à hipocrisia e falta de inteligência da grande mídia, com o editor do premiado sítio político vermelho.org.br José Reinaldo Carvalho.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Reflexão Do Emir_ Juventude... #PRESENTE!!

Entre tantas frases estimulantes e provocadoras que as rebeliões populares no mundo árabe e agora na Europa, essencialmente protagonizada por jovens, fizeram ecoar pelo mundo afora, a que mais nos incomoda – com toda razão – é aquela que diz: E quando os jovens saíram às ruas, todos os partidos pareceram velhos.”

Aí nos demos conta – se ainda não tínhamos nos dado – da imensa ausência da juventude na vida política brasileira. O fenômeno é ainda mais contrastante, porque temos governos com enorme apoio popular, que indiscutivelmente tornaram o Brasil um país melhor, menos injusto, elevaram nossa auto estima, resgataram o papel da política e do Estado.Mas e os jovens nisso tudo? Onde estão? O que pensam do governo Lula e da sua indiscutível liderança? Por que se situaram muito mais com a Marina no primeiro turno do que com a Dilma (mesmo se tivessem votado, em grande medida, nesta no segundo turno, em parte por medo do retrocesso que significava o Serra)?A idade considerada de juventude é caracterizada pela disponibilidade para os sonhos, as utopias, a rejeição do velho mundo, dos clichês, dos comportamentos vinculados à corrupção, da defesa mesquinha dos pequenos interesses privados. No Brasil tivemos a geração da resistência à ditadura e aquela da transição democrática, seguida pela que resistiu ao neoliberalismo dos anos 90 e que encontrou nos ideais do Fórum Social Mundial de construção do “outro mundo possível” seu espaço privilegiado.Desde então dois movimentos concorreram para seu esgotamento: o FSM foi se esvaziando, controlado pelas ONGs, que se negaram à construção de alternativas, enquanto governos latino-americanos se puseram concretamente na construção de alternativas ao neoliberalismo; e os partidos de esquerda - incluídos os protagonistas destas novas alternativas na América Latina -, envelheceram, desgastaram suas imagens no tradicional jogo parlamentar e governamental, não souberam renovar-se e hoje estão totalmente distanciados da juventude.Quando alguém desses partidos tradicionais – mesmo os de esquerda – falam de “politicas para a juventude”, mencionam escolas técnicas, possibilidades de emprego e outras medidas de caráter econômico-social, de cunho objetivo, sem se dar conta que jovem é subjetividade, é sonho, é desafio de assaltar o céu, de construir sociedades de liberdade, de luta pela emancipação de todos.O governo brasileiro não aquilata os danos que causam a sua imagem diante dos jovens, episódios como a tolerância com a promiscuidade entre interesses privados e públicos de Palocci, ou ter e manter uma ministra da Cultura (Ana Buarque de Holanda) que, literalmente, odeia a internet, e corta assim qualquer possibilidade de diálogo com a juventude – além de todos os retrocessos nas políticas culturais, que tinham aberto canais concretos de trabalho com a juventude. Não aquilata como a falta de discurso e de diálogo com os jovens distancia o governo das novas gerações. (Com quantos grupos de pessoas da sociedade a Dilma já se reuniu e não se conhece grandes encontros com jovens, por exemplo?) Perdendo conexão com os jovens, os partidos envelhecem, perdem importância, se burocratizam, buscam a população apenas nos processos eleitorais, perdem dinamismo, criatividade e capacidade de mobilização. E o governo se limita a medidas de caráter econômico e social – que beneficiam também aos jovens, mas nãos os tocam na sua especificidade de jovens. Até pouco tempo, as rádios comunitárias – uma das formas locais de expressão dos jovens das comunidades – não somente não eram incentivadas e apoiadas, como eram – e em parte ainda são – reprimidas.A presença dos jovens na vida publica está em outro lugar, a que nem os partidos nem o governo chegam: as redes alternativas da internet, que convocaram as marchas da liberdade, da luta pelo direito das “pessoas diferenciadas” em Higienópolis, em São Paulo, nas mobilizações contra as distintas expressões da homofobia, e em tantas outras manifestações, que passam longe dos canais tradicionais dos partidos e do governo.Mesmo um governo popular como o do Lula não conseguiu convocar idealmente a juventude para a construção do “outro mundo possível”. Um dos seus méritos foi o realismo, o pragmatismo com que conseguiu partir da herança recebida e avançar na construção de alternativas de politica social, de politica externa, de politicas sociais e outras. Os jovens, consultados, provavelmente estarão a favor dessas politicas.Mas as mentes e os corações dos jovens estão prioritariamente em outros lugares: nas questões ecológicas (em que, mais além de ter razão ou não, o governo tem sistematicamente perdido o debate de idéias na opinião pública), nas liberdades de exercício da diversidade sexual, nas marchas da liberdade, na liberdade de expressão na internet, na descriminalização das drogas leves, nos temas culturais, entre outros temas, que estão longe das prioridades governamentais e partidárias.Este governo e os partidos populares ainda tem uma oportunidade de retomar diálogos com os jovens, mas para isso tem que assumir como prioritários temas como os ecológicos, os culturais, os das redes alternativas, os da libertação nos comportamentos – sexuais, de drogas, entre outros. Tem que se livrar dos estilos não transparentes de comportamento, não podem conciliar nem um minuto com atitudes que violam a ética publica, tem que falar aos jovens, mas acima de tudo ouvi-los, deixá-los falar. Com a consciência de que eles são o futuro do Brasil. Construiremos esse futuro com eles ou será um futuro triste, cinzento, sem a alegria e os sonhos da juventude brasileira.

sábado, 25 de junho de 2011

"Precisamos de um discurso de esquerda alternativo"_ Por Saul Leblon


O filósofo rejeita a idéia de mudar o mundo sem conquistar o poder e cobra espaço institucional para que a mídia possa de fato refletir a sociedade, por exemplo, com jornais, rádios e tevês para universidades e sindicatos. Intelectual comprometido em provar que as idéias pertencem ao mundo através da ação, Safatle vê limites na ascensão da classe C sem mudanças radicais na repartição da riqueza e convoca seus pares: “Precisamos de um discurso de esquerda alternativo que esteja em circulação no momento em que as possibilidades de ascensão social (da chamada classe C) baterem no teto”. Por fim aconselha Lula a transformar seu instituto numa ‘internacional Lulista’ – um instrumento que ajude a esquerda latinoamericana a chegar ao poder. Leia a seguir a entrevista concedida por e-mail:

Carta Maior - O longo descrédito com os políticos e suas siglas parece ter inspirado uma sentença cada vez mais freqüente no debate: a de que a forma partido está esgotada . Ao mesmo tempo, esse diagnóstico parece embutir um desejo conservador – que não é novo - de desqualificar a representação do conflito social. O que existe de esgotamento e o que existe de vontade de antecipar o funeral de um adversário incômodo? 

Vladimir Safatle - Diria que temos um desafio de novo tipo.
Primeiro, é certo que uma geração de partidos de esquerda se esgotou exatamente por não dar conta da representacão do conflito social. Há uma camada de conflitos sociais que é simplesmente sub-representada ou invisível no interior da "forma partido". No exterior, o exemplo maior disto é a expoliacão econômica de imigrantes: pessoas sem voz no interior da dinâmica partidária. No Brasil, temos um embate em torno da dita nova classe média ao mesmo tempo que encontramos uma sub-representacão de conflitos própria à "velha classe pobre". As revoltas dos trabalhadores em Jirau é um bom exemplo. Nenhum partido vocaliza tais revoltas. 

CM - Há uma variante desse diagnóstico, à esquerda. Ela se apóia em evidências, como as recentes manifestações de rua no mundo árabe e na Europa, supostamente convocadas e coordenadas via facebook. Aqui parece haver um ludismo com sinal trocado na medida em que se dá à tecnologia tratos de um fetiche. Tudo se passa como se "a tecnologia partidos" tivesse se esgotado. E uma nova ferramenta, agora em versão mais potente, viesse a sucedê-los com vantagens. Entre elas a ausência de intermediários e de corrupção. Mistificação ou novo espaço público? 

VS - É verdade, há muito de mistificacão nesta maneira de anunciar a internet como a esperança redentora da política.
O que ela fez foi, em larga medida, permitir o desenvolvimento de uma militância virtual e intermitente. É mais fácil fazer militância hoje, já que você pode operar da sua casa através de redes de contra-informacão. 
No entanto, insistiria que há uma tendência de mobilizacão social que tem pêgo os partidos a contra-pelo.
Falta uma nova geracão de partidos capaz de dar forca institucional a tais mobilizacões. Este partidos talvez não funcionarão de maneira "tradicional", mas como uma frente, uma federacão de pequenos grupos que se organizam para certas disputas eleitorais e depois se dissolvem. É difícil ainda saber o que virá. Certo é apenas o fato de que os movimentos políticos mais importantes (revoltas na Grécia, Espanha, Portugal) parecem ser feitos atualmente à despeito dos partidos. O que limita seus resultados. Não creio que podemos "mudar o mundo sem conquistar o poder". Quem gosta de ouvir isto são aqueles que continuam no poder. Para conquistar o poder, temos que vencer embates eleitorais. 

CM - O debate sobre a irrelevância dos partidos convive com a realidade de um torniquete menos debatido: a captura da vida democrática pela supremacia das finanças. Ao normatizar o que pode e o que não pode ser objeto de conflito e de escrutínio, a hegemonia das finanças não teria engessado a própria democracia representativa? E assim contaminado todos os seus protagonistas com a sombra da irrelevância? 

VS - Certamente.
Este é um dos limites da democracia parlamentar. Não há como escaparmos disto no interior da democracia parlamentar. Só se contrapõe ao domínio do mundo financeiro através de um aprofundamento da democracia plebicitária, como a Islândia demonstrou ao colocar em plebiscito o auxílio estatal a um banco falido. Devemos simplesmente deslocar questões econômicas desta natureza para fora da democracia parlamentar. Um Estado não pode emprestar bilhões para massa financeira falida sem uma manifestação direta daqueles que pagarão a conta. O problema é que vivemos em uma fase do capitalismo de espoliação. 

CM - A mídia é muitas vezes apontada como a caixa de ressonância dessa subordinação do conflito aos limites da finança. Nesse sentido a sua regulação não seria tão ou mais importante que o financiamento público de campanha? 

VS -
Acho que a sociedade ocidental (e não apenas a brasileira) precisa, de fato, encarar a defasagem das leis a respeito da regulação econômica da mídia. Trata-se de um dos mercados mais oligopolizados e concentrados do planeta, o que está longe de ser algo bom para a democracia. Seria importante que houvesse um sistema que facilitasse a entrada de novos atores no campo midiático. Não consigo admitir, por exemplo, que universidades públicas, sindicatos e associacões tenham tão pouca presença em rádios, televisões e jornais. 

CM - O PT no Brasil condensa todos esses impasses ao personificar, na opinião de alguns, uma trágica verdade: o preço do poder é a necrose da identidade mudancista. Isso é fatal? Ou dito de outro modo: um partido depois de passar pelo poder ainda pode suprir o anseio de mudança da sociedade? 

VS - Ele pode suprir tais anseios, mas
desde que esteja realmente disposto a avançar nos processos de modernização política e criatividade institucional, o que não creio ter sido o caso do PT. Há um profundo déficit de participação popular nos governos do PT. Claro que se olharmos para a direita brasileira (PSDB e seus aliados) a situacão é infinitamente pior. Mas o PT, neste ponto, tem nos obrigado a votar fazendo o cálculo do mal menor. Ele tirou da sua pauta o aprofundamento de mecanismos de participação popular. O resultado será um embotamento político que pode se voltar contra a própria esquerda. 

CM - Algumas avaliações dizem que o governo Lula foi em parte a causa desse entorpecimento petista. Outros sugerem que o próprio Lula foi refém de uma energia política insuficiente para promover um projeto de mudança mais profundo na sociedade. Que ponto da régua estaria mais próximo da realidade em sua opinião? 

VS -
Creio que Lula foi bem sucedido em ser uma espécie de Mata Hari do capitalismo global. Ele soube jogar em dois tabuleiros, um pouco como Getúlio Vargas. Sua política foi bipolar. Por exemplo, enquanto recebia George Bush falando que era seu maior aliado, seu partido fazia manifestações contra a vinda do próprio George Bush. O resultado final deste processo foi criar um sistema muito parecido àquele deixado por Vargas. O PT é, hoje, herdeiro direto do PTB. O PMDB parece uma espécie de PSD sem uma figura carismática como Juscelino e a oposição esmera-se no seu figurino UDN. Bem, é triste perceber que, quando o Brasil começa a andar, ele sempre volta ao mesmo ponto de estabilidade política. Parece que nunca conseguimos ultrapassar este mecanismo bipolar. 

CM - O Governo Dilma será a culminância dessa acomodação histórica? Ou a crise mundial pode destravar o processo e inaugurar um novo ciclo, na medida em que impõe escolhas duras entre desenvolvimentismo versus financeirização?

VS - Creio que
o governo Dilma será um governo que usará a margem de manobra fornecida pelo crescimento econômico em uma era onde as economias dos países europeus (assim como os EUA) continuarão em crise. Neste sentido, nossa única esperança concreta de mudança virá quando a dita nova classe média perceber que ele só continuará seu ciclo de ascensão se não precisar gastar fortunas com educacão e saúde privadas. No entanto, a consolidação de um verdadeiro sistema público de educacão e saúde não será feito sem uma pesada taxação sobre a classe rica e um aumento considerável na tributacão da renda. Isto, em um país como o Brasil, tem o peso de uma revolucão armada. Vejam que engraçado, vivemos em um país onde a implantação de um modelo tributário das sociais-democracias européias dos anos 50 equivaleria a uma ação política da mais profunda radicalidade. Não creio que o PT fará algo neste sentido. Mesmo a discussão a respeito de um imposto sobre grandes fortunas foi abandonada. Precisamos de um discurso de esquerda alternativo que esteja em circulação no momento em que as possibilidades de ascensão social baterem no teto. 

CM - O que seria uma agenda relevante para Lula e o seu Instituto numa conjuntura como essa de flacidez partidária e atritos duros entre desenvolvimento, igualdade e acomodação à crise? 

VS -
O melhor que seu Instituto poderia fazer é organizar uma espécie de Internacional ‘lulista’ que ajude a esquerda a vencer em países da América Latina.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

"TRIBOS" Urbanas_ 2011

Editado e publicado pelos alunos de JORNALISMO da UNIMONTE_ Toninho Pinheiro, Jaqueline Soares, Indiana Crislei e Manuela Canotilho

Blog Da Audrey Kleys: "TRIBOS" POR ALUNOS DA UNIMONTE

Um agradecimento aos alunos (tão dedicados) que pediram e aceitaram minha modesta colaboração na matéria sobre TRIBOS e, em especial, à jornalista Audrey Kleys pelo estímulo aos mesmos e à educação.
Muito Obrigado e Forte Abraço, Diego Monsalvo.
Logo abaixo a matéria extraída, na íntegra, do Blog da Audrey Kleys 
Alunos do terceiro ano da Unimonte, em Santos, realizaram um documentário muito bacana sobre as diversas TRIBOS que existem na região.

Toninho Pinheiro, Jaqueline Soares, Indiana Crislei e Manuela Canotilho são alunos de Jornalismo. Para contar um pouco deste universo, Toninho e Jaqueline entrevistaram vários personagens e conversaram com o Professor de Filosofia da Unimonte, Diego Monsalvo.

O trabalho ficou muito interessante e dinâmico. O resultado vocês conferem aqui no blog.
Parabéns, alunos e professores!!! Nota 10!!!

"TRIBOS"


segunda-feira, 28 de março de 2011

Morre o Padre-Profeta...

Padre Comblin morre aos 88 anos no interior da Bahia

O teólogo padre José Comblin, de 88 anos, morreu na manhã deste domingo, 27, no interior da Bahia onde assessorava grupos de base. Segundo padre José Oscar Beozzo, padre Comblin levantou-se cedo, tomou banho, aprontou-se, mas não apareceu para a oração da manhã. Procuram-no e o encontraram-no sentado no quarto e já morto.

Perdemos um  mestre e um guia inquieto e exigente como os velhos profetas, denunciando sempre nossas incoerências na fidelidade aos preferidos de Deus: o pobre, o órfão, a viúva, o estrangeiro. Trabalhou por uma Igreja profética a serviço destes últimos nas nossas sociedades”, lamenta padre Beozzo.

Nascido em Bruxelas, na Bélgica, em 1923, Comblin foi ordenado padre em 1947. Fez doutorado em teologia pela Universidade Católica de Louvaina e chegou ao Brasil em 1958. Em Recife, a convite de dom Helder Câmara, foi professor no Instituto de Teologia do Recife.

Expulso do Brasil em 1971 pelo regime militar, padre Comblin exilou-se no Chile durante oito anos, de onde também foi expulso, em 1980, pelo general Pinochet. Voltando ao Brasil, passa a morar na Paraíba, em Serra Redonda. É autor de uma vasta obra. 

Padre Comblin morava, atualmente, em Barra, na Bahia. “Comblin dedicou praticamente toda sua vida ao povo e à Igreja da América Latina, no Brasil, no Chile e no Equador e em centenas de assessorias por todos os países”, recorda padre Beozzo.
Obrigado por tudo Pe. Comblin... e a luta continua!

A eficiência TUCANA de uma São Paulo separatista

Pesquisa mostra que 250 cidades de SP recorrem a professores temporários

Saiu no Valor, pág. A2:

Levantamento com 311 secretarias municipais de Educação feito pela Fundação Lemann revela que 80% das cidades recorrem à contratação de professores temporários; 40% das localidades contatadas AINDA NÃO ESTABELECERAM PADRÕES CURRICULARES NA REDE DE ENSINO, e cerca de 50% delas não tem políticas educacionais de longo prazo.

É no vapt-vupt, diria o Chico Anysio.

A professora Maria Izabel Noronha, presidenta do Sindicato de Professores do Estado de São Paulo (APEOESP) explica por que a contratação maciça de temporários é um dezastre:

“É um numero assustador, inadmissível, significa uma rotatividade brutal. Isso interrompe a continuidade, porque o professor tem que estar sempre recomeçando um trabalho do zero.”

Além disso, o professor temporário não tem as vantagens da carreira. 


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

TESE_O professor e a educação: entre o prazer, o sofrimento e o adoecimento

A psicóloga Flávia Gonçalves da Silva dedicou sua dissertação de doutorado de 419 páginas a todos os professores que, apesar das diversidades, ainda continuam no Magistério. O trabalho desenvolvido na disciplina de Psicologia da Educação da PUC de São Paulo em 2007 tem como tema "O professor e a educação: entre o prazer, o sofrimento e o adoecimento".

A partir da história de duas professoras, chamadas de Joana e Laura, a psicóloga retratou o cotidiano da categoria e abordou o distanciamento entre o trabalho ideal - no qual o professor sente-se admirado e tem a sensação de dever cumprido - e o real, que leva à frustração e ao stress, desencadeadores de depressão e outros distúrbios de comportamento.
O estudo da atividade profissional, especificamente a sua estrutura, as condições encontradas pelos docentes para executá-la, a relação desta com o desenvolvimento psicológico dos professores e os tipos e mecanismos de alienação da função nortearam a pesquisa, orientada pelos fundamentados teórico-metodológicos do marxismo e da psicologia sócio-histórica.
A investigação revelou que as condições inadequadas e alienadoras encontradas pelos professores para executar sua atividade são as principais causas dos quadros de adoecimento, especialmente relacionados a emoções e sentimentos, como stress, labirintite e depressão, que podem levar a outras doenças, como nos casos relatados.
(...)

A conclusão é quase óbvia: o desenvolvimento da atividade docente em determinadas condições históricas e materiais está profundamente relacionado ao processo de sofrimento psíquico e ao adoecimento dos servidores da Educação que são os que mais necessitam de licenças médicas, assim como os profissionais da Saúde.

A dissertação de doutorado "O professor e a educação: entre o prazer, o sofrimento e o adoecimento", de Flávia Gonçalves da Silva, está publicada na íntegra na Biblioteca Virtual da PUC de São Paulo: http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4735

sábado, 15 de janeiro de 2011

Precisamos de um novo 'velho' paradigma!

O preço de não escutar a natureza*



O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre  imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam  frequentemente deslizamentos fatais.
Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.
A causa principal deriva do modo como costumamos tratar  a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos  meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam.
Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água.  Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem  se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.
No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas.  Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e  morar.
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser  de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário  teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.
* Leonardo Boff é filósofo/teólogo

domingo, 2 de janeiro de 2011

A Educação_ Excerto do Discurso de Dilma Roussef

“ (...) Queridas brasileiras e queridos brasileiros, junto com a erradicação da miséria, será prioridade do meu governo a luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança.
Nas últimas duas décadas, o Brasil universalizou o ensino fundamental. Porém é preciso melhorar sua qualidade e aumentar as vagas no ensino infantil e no ensino médio.
Para isso, vamos ajudar decididamente os municípios a ampliar a oferta de creches e de pré escolas.
No ensino médio, além do aumento do investimento publico vamos estender a vitoriosa experiência do PROUNI para o ensino médio profissionalizante, acelerando a oferta de milhares de vagas para que nossos jovens recebam uma formação educacional e profissional de qualidade.
Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens.
Somente com avanço na qualidade de ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento. ”