O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar
(Berthold Brecht)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

TESE_O professor e a educação: entre o prazer, o sofrimento e o adoecimento

A psicóloga Flávia Gonçalves da Silva dedicou sua dissertação de doutorado de 419 páginas a todos os professores que, apesar das diversidades, ainda continuam no Magistério. O trabalho desenvolvido na disciplina de Psicologia da Educação da PUC de São Paulo em 2007 tem como tema "O professor e a educação: entre o prazer, o sofrimento e o adoecimento".

A partir da história de duas professoras, chamadas de Joana e Laura, a psicóloga retratou o cotidiano da categoria e abordou o distanciamento entre o trabalho ideal - no qual o professor sente-se admirado e tem a sensação de dever cumprido - e o real, que leva à frustração e ao stress, desencadeadores de depressão e outros distúrbios de comportamento.
O estudo da atividade profissional, especificamente a sua estrutura, as condições encontradas pelos docentes para executá-la, a relação desta com o desenvolvimento psicológico dos professores e os tipos e mecanismos de alienação da função nortearam a pesquisa, orientada pelos fundamentados teórico-metodológicos do marxismo e da psicologia sócio-histórica.
A investigação revelou que as condições inadequadas e alienadoras encontradas pelos professores para executar sua atividade são as principais causas dos quadros de adoecimento, especialmente relacionados a emoções e sentimentos, como stress, labirintite e depressão, que podem levar a outras doenças, como nos casos relatados.
(...)

A conclusão é quase óbvia: o desenvolvimento da atividade docente em determinadas condições históricas e materiais está profundamente relacionado ao processo de sofrimento psíquico e ao adoecimento dos servidores da Educação que são os que mais necessitam de licenças médicas, assim como os profissionais da Saúde.

A dissertação de doutorado "O professor e a educação: entre o prazer, o sofrimento e o adoecimento", de Flávia Gonçalves da Silva, está publicada na íntegra na Biblioteca Virtual da PUC de São Paulo: http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4735

sábado, 15 de janeiro de 2011

Precisamos de um novo 'velho' paradigma!

O preço de não escutar a natureza*



O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre  imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam  frequentemente deslizamentos fatais.
Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.
A causa principal deriva do modo como costumamos tratar  a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos  meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam.
Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água.  Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem  se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.
No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas.  Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e  morar.
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser  de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário  teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.
* Leonardo Boff é filósofo/teólogo

domingo, 2 de janeiro de 2011

A Educação_ Excerto do Discurso de Dilma Roussef

“ (...) Queridas brasileiras e queridos brasileiros, junto com a erradicação da miséria, será prioridade do meu governo a luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança.
Nas últimas duas décadas, o Brasil universalizou o ensino fundamental. Porém é preciso melhorar sua qualidade e aumentar as vagas no ensino infantil e no ensino médio.
Para isso, vamos ajudar decididamente os municípios a ampliar a oferta de creches e de pré escolas.
No ensino médio, além do aumento do investimento publico vamos estender a vitoriosa experiência do PROUNI para o ensino médio profissionalizante, acelerando a oferta de milhares de vagas para que nossos jovens recebam uma formação educacional e profissional de qualidade.
Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens.
Somente com avanço na qualidade de ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento. ”