Contribuição à AT REVISTA do dia 12 de Outubro de 2014 (Ano 10_ Ed. 515)
por Joyce Moysés
A entrevista na íntegra:
Qual a importância da formação espiritual/religiosa na vida da criança?
A importância é grande,
uma vez que o humano é um ser dotado de inteligência, vontade e mistério, ou seja, nunca esgotaremos
nossas definições enquanto seres. O mistério (lá onde a razão cala!) nos abre
para a intuição e nos garante a dúvida perene (e isso é por si só maravilhoso!)
de saber quem sou, como vou e para onde vou. Trabalhar o mistério, cultivá-lo
enquanto fator inerente ao Homem é o princípio de qualquer formação espiritual
consciente e não impositiva de uma fé alienada que, portanto, educa de forma
alienante. No meu livro “Dissecando o
líder” trabalho a ideia de que o conhecimento da dimensão do mistério em
sua vida, a matéria bruta da religiosidade e da transcendência, é um princípio
de autonomia. E educação não é ajudar a si e aos demais a desenvolverem a autonomia?
Então, aí está....
Sendo exemplares no que
fazem de acordo com o que dizem.
Veja, é preciso que
diferenciemos religiosidade de religião a, b ou c. Como disse, a religiosidade,
capacidade da transcendência humana, embora faça parte, está além desta ou
daquela religião. Se os pais incorporaram o hábito de serem bons segundo
valores inalienáveis da condição humana, os filhos chegarão às dimensões
religiosas mais próximas disso. Se tais valores fazem, verdadeiramente, parte
da religião que os pais frequentam, melhor...
Antes, é importante
estarmos atentos às palavras e aos fatos que fizeram com que nascessem as
religiões. Pois bem, lembrar que Jesus, Moisés e Maomé, por exemplo, apareceram
como líderes sociais libertadores e, então, ensinarmos por meio das histórias
reais, o quão é importante encarnarmos valores e princípios que garantam um
sentido maior à minha vida e a dos demais, sem os quais extingo minha própria
espécie, o lúdico e seus elementos se tornam válidos...
Se os pais tiverem dificuldade para responder
algo relacionado à religião, o que fazer?
Estudar, estudar e
estudar... Ninguém deveria ter a pretensão de saber tudo. Isso vale também para as
nossas convicções mais íntimas. Religião que se impõe e não permite o
questionamento atrofia o cérebro e costuma, inversamente, arreganhar o bolso e
encher a mala dos pregadores de ocasião, falsos donos da verdade.
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